T A X I D A M A

15.11.07

Baita corrida

Um dia de calor massacrante. Eu estava voltando do aeroporto, escutando minha música predileta, ar condicionado ligado, nada de anormal tinha acontecido naquele dia. Foi quando aquela velhinha me fez sinal, vibrei por dentro, pois quase nunca se consegue uma corrida de volta de lá, parei. Comecei a analisar minha passageira, roupas simples, cabelos desgrenhados, olhar humilde. Depois de uma enorme demora e com muita dificuldade ela conseguiu embarcar no carro. Daí veio a decepção: “minha filha, me dá uma carona até o trem pois é muito longe pra eu ir andando”, fiquei tão boba que não consegui dizer uma só palavra, mas tudo bem a distância era pequena, uns 500 MT, e porque não fazer uma boa ação. Pensei: “quando eu estiver velha alguém fará coisa parecida comigo”. Tudo sairia bem se não fosse um pequeno detalhe. O ponto onde ela queria ficar é final de linha de alguns ônibus e impossível de parar. Então parei um pouco antes, mas pra que fui fazer aquilo, ela ficou furiosa, me perguntou se não estava vendo que ela era velha, que tinha dificuldades de locomoção que precisava parar na porta, etc.etc.etc... ninguém merece. Paciência tem limites, e eu também. Falei que se ela quisesse que descesse ali mesmo, pois não queria ganhar multa por causa de uma carona. Estava parada em fila dupla, os carros buzinando atrás, mais um tempão pra velha descer. Enquanto se mexia só não me chamou de santa porque eu não sou, mas já a minha mãe, coitada, foi quem pagou o pato. Imaginem, taxistas que enfrentam diariamente o trânsito maluco das grandes cidades se dessem bola pra esses tipos de coisas, poucos seriam os corações que agüentariam.